Embebidos nessa massa corrupta
Sem ter como lutar, sem tiros à escuta
Imersos nessa lama imensa
Se não houver clamor, não há doença
Ungidos numa cena caquética
Patética, imoral, desumana, antiética
Será que é isso a verdade absoluta?
As cidades em silêncio enquanto há uma vida injusta
Quanto mais desvio há de haver?
Quantos mais vão ter de morrer?
Miséria, fome e lêniencia nos hospitais
Promovem um genocídio que não vai pros jornais
E aliás, sem casa, conteúdo e educação
Quem é que vai ter voz para gritar sua aflição?
O medo de ser preso ou perder o que já tem
Estamos mergulhados na ditadura do mantém
Aplacados por um ciclo fútil
Novelas, programas e cultura inútil
Cansados da vida pacata
O lobo não é o homem, mas o terno e a gravata
Roubados por seres simpáticos
Esquemas surreais, casebres superfaturados
Soldados, a ordem é desobedecer
A mordaça ignorante está prestes a romper
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